Inteligência artificial na análise de riscos ocupacionais: já é realidade?

Durante muito tempo, a área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) foi vista como resistente à inovação tecnológica. No entanto, em 2025, a inteligência artificial (IA) já começa a transformar a forma como identificamos, avaliamos e gerenciamos riscos ocupacionais.

Mas será que essa realidade está acessível a todas as empresas? É possível confiar na IA para decisões que envolvem vidas humanas e responsabilidade jurídica? Neste artigo, vamos explorar como a IA está sendo aplicada na SST, suas vantagens, limites e o que você precisa saber para não ficar para trás.


1. O que é a inteligência artificial e como ela se aplica à SST?

A inteligência artificial é a capacidade de sistemas computacionais aprenderem com dados e tomarem decisões com base em padrões identificados — muitas vezes mais rápido e com menos erro do que um ser humano.

Na análise de riscos ocupacionais, a IA pode ser utilizada para:

  • Detectar padrões de acidentes e doenças ocupacionais com base em históricos
  • Prever riscos em determinadas atividades com base em variáveis como jornada, exposição e função
  • Analisar imagens e vídeos de câmeras de segurança para identificar comportamentos inseguros
  • Sugerir melhorias automáticas em planos de prevenção

Essa aplicação é especialmente útil em setores com alta rotatividade, múltiplos ambientes de risco e operações complexas — como construção civil, indústria e logística.


2. Quais tecnologias de IA já estão sendo usadas na prática?

a) Machine Learning (aprendizado de máquina)

Usado para identificar tendências ocultas nos dados de SST, como:

  • Horários com maior incidência de acidentes
  • Perfis de trabalhadores com maior risco de afastamento
  • Relação entre tempo de função e ocorrência de lesões

b) Visão computacional

Câmeras com IA conseguem:

  • Detectar EPI ausente (ex: capacete ou luvas)
  • Identificar posturas de risco em tempo real
  • Alertar automaticamente a supervisão

c) Processamento de linguagem natural (PLN)

Análises automáticas de:

  • Relatórios de acidentes e laudos técnicos
  • Comentários em pesquisas de clima e escuta ativa
  • Dados de prontuários e atestados médicos (respeitando a LGPD)

3. Benefícios reais da IA na gestão de riscos ocupacionais

Mais agilidade e precisão

Com algoritmos bem treinados, é possível cruzar milhões de dados em segundos e gerar alertas em tempo real, algo humanamente inviável.

Prevenção antecipada de acidentes

Ao identificar padrões, a IA antecipa comportamentos e cenários perigosos, permitindo ações preventivas antes que o acidente aconteça.

Redução de custos com afastamentos e passivos trabalhistas

Menos acidentes = menos afastamentos = menor impacto financeiro.

4. Barreiras e cuidados na adoção da IA em SST

Apesar das vantagens, é preciso atenção a alguns pontos:

  • Necessidade de dados estruturados e confiáveis: IA só aprende bem se alimentada com dados corretos.
  • Interpretação humana ainda é essencial: a IA aponta caminhos, mas quem decide é o profissional habilitado.
  • Cuidado com vieses e distorções: algoritmos podem aprender preconceitos se forem mal treinados.
  • Respeito à LGPD: o uso de dados sensíveis exige segurança jurídica e consentimento.

5. A inteligência artificial vai substituir o profissional de segurança?

Não. Pelo contrário: a IA amplia a capacidade de análise do profissional de SST e oferece suporte à tomada de decisão. O papel do engenheiro, técnico ou médico do trabalho torna-se ainda mais estratégico — com foco na interpretação dos dados, na liderança da cultura de segurança e na implementação das ações corretas.

A IA é ferramenta, não fim.


Conclusão: sim, a IA já é realidade — e está ao alcance das empresas que querem evoluir

Ignorar a inteligência artificial na gestão de riscos ocupacionais é fechar os olhos para o futuro da segurança do trabalho. Empresas que investem em inovação colhem benefícios como previsibilidade, redução de passivos e equipes mais seguras.